Texto: Wellington Melo e supervisão Bernardo Costa
Indígenas bloquearam a BR-101 na manhã desta segunda-feira. Segundo eles, empresa de ônibus bloqueou cartão que garantia gratuidade para deslocamento até as escolas da região do Parque Mambucaba
Indios da Tribo Pataxó protestam na BR-101, em Paraty – Arquivo Pessoal/ Comunidade Pataxó
Rio – Índios da tribo Pataxó fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira (09), no Km 548 da BR-101, altura de Paraty, no Sul do estado do Rio. A manifestação, segundo um dos participantes do protesto, cobrava a regularização do passe livre dos alunos indígenas junto à empresa de ônibus Colitur.
Segundo os indígenas, os pais não têm condições de arcar com os custos de passagem para as crianças irem à escola. “Estamos reivindicando aqui o direito à educação das nossas crianças, porque a Colitur não está querendo levar as nossas crianças para a escola para estudar. O que é um direito de todos”, disse um membro da comunidade Pataxó.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, durante o protesto, cerca de 20 indígenas sequestraram alguns ônibus da Colitur, e só liberariam se as reivindicações fossem atendidas. O trânsito ficou fechado e um caminhão foi apedrejado no local. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram os índios depredando o veículo. Segundo os indígenas, o veículo furou o bloqueio e quase atropelou os manifestantes.
Ainda de acordo com a corporação, um representante da Prefeitura foi até o local e conversou com os manifestantes, atendendo seus pedidos. A via foi liberada às 08h e ninguém ficou ferido.
Em outro vídeo, um membro da Tribo Pataxó discursa e afirma que o veículo quase atingiu os protestantes. “Esse caminhão invadiu, não respeitou. A gente não está parando caminhão nenhum, mas ele não quis respeitar e ia atropelar nosso povo. Mas nós não vamos abaixar a cabeça. Se for para morrer, nós vamos morrer. Nós estamos acostumados a sofrer. A máquina pública está lá e o nosso povo sofrendo nessa terra. Os menos favorecidos sofrendo e todo mundo quieto dentro de casa.”
“Depois de um tempo, veio um representante da Colitur que se responsabilizou a dar um cartão para as crianças usarem, pois os que elas (crianças) têm está bloqueado. Os pais estão pagando as passagens desde o início do ano, e nosso povo não consegue bancar os custos da passagem. As pessoas não têm de onde tirar esse dinheiro. Se os pais não têm como pagar a passagem, como as crianças vão para a escola?”, disse o indígena.
Segundo o membro Pataxó, a Colitur é quem liberava os passes para os estudantes da tribo, e eles não sabem o porquê foram bloqueados. “A Colitur é quem cede esses passes. A escola manda a declaração de que o aluno está estudando e eles (Colitur) fazem a liberação do passe. Não sabemos qual o motivo para os passes estarem bloqueados”.
O DIA entrou em contato com a Prefeitura de Paraty e com a Colitur, mas ainda não houve retorno.