ALDEIA PATAXÓ IRIRI KÃNÃ PATAXI ÜI TANARA

Texto: Maria Eduarda Reis, estudante do curso de Filosofia (UERJ), a partir de visita à aldeia e entrevista realizada com Apohinã Pataxó, no dia 13 de fevereiro de 2022, na própria aldeia. Maria Eduarda Reis é colaboradora do Núcleo de Estudos sobre Povos Indígenas, Interculturalidade e Educação (NEPIIE-FEBF, UERJ).

Aldeia PATAXÓ Iriri Kãnã Pataxi Üi Tanara

Autodenominação: Toda essa comunidade indígena originária do estado da Bahia, se autodenomina Pataxó, da etnia Hã Hã Hãe. Tal nomenclatura deve-se ao significado “mistura de povos” em razão da junção da linhagem Pataxó com a Tupinambá.

Onde estão no Rio de Janeiro: aldeia Iriri Kãnã Pataxi Üi Tanara, que significa “minha aldeia é a natureza”, no município de Paraty, região da Costa Verde do Estado.

Situação fundiária: é reconhecida pelo Estado, que cedeu o território aos Pataxó, após uma negociação com os antigos proprietários em troca de outra terra.

Quantos são no Rio de Janeiro: De acordo com o site da Associação da aldeia, em março de 2022 existiam 15 famílias e 62 membros, de crianças a idosos, que vivem diretamente da renda originada com a venda dos artesanatos e do turismo.

Família linguística: O Pataxó é uma língua do tronco Macro-Jê e da família linguística Maxakalí. Atualmente a comunicação na aldeia é realizada através do Patxohã.

Fotos

Paraty

A Terra Indígena Pataxó localiza-se em Paraty, cidade turística da chamada Costa Verde, no Estado do Rio de Janeiro. É conhecida e apreciada por sua natureza exuberante, repleta de cachoeiras e praias. O município conta também com o centro histórico, com artesanatos, ateliês de artistas locais, fotografias e pinturas espalhadas por toda parte, além de incríveis polos gastronômicos. Vale lembrar a lendária Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que ocorre anualmente na cidade.

Aldeia

A aldeia Iriri Kãnã Pataxi Üi Tanara, cujo significado é “minha aldeia é a natureza”, retrata bem o trabalho e a vivência de preservação da comunidade. Localiza-se na rodovia Rio-Santos, BR-101, Km 548, cercada pela praia e a cachoeira do Iriri. Uma trilha de cerca de 300 metros leva à cachoeira do Iriri, que conserva um poço com água cristalina. Do outro lado da estrada, após uma curta trilha, com sua areia escura e água clara, situa-se a praia do Iriri ou Iririguaçu, cujo nome se deve ao rio Iririguaçu, que deságua nela. Segundo Apohinã Pataxó, uma das lideranças da aldeia, foram guias espirituais indígenas que indicaram o território, por ter sido o local de uma aldeia importante dos Tupinambás no passado. À vista disso, eles compreendem a região como o lugar reservado pelos ancestrais para a preservação do seu povo. Para obterem o direito à terra, foi preciso muita luta e perseverança. Possuem sistema de saúde fiscalizado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e a situação fundiária da comunidade é reconhecida pelo Estado, que cedeu o território aos Pataxó, após uma negociação com os antigos proprietários, em troca de outra terra.

 

Saúde

Construído com os recursos da própria comunidade, que recuperou uma pequena casa já existente.

Aldeia PATAXÓ Iriri Kãnã Pataxi Üi Tanara - rio de janeiro

Cultura

Na aldeia, eles cultivam alimentos, fazem artesanato, cuidam e protegem a natureza local, passam para seus descendentes o que foi preservado de sua língua nativa e se aproveitam da história e da geografia da cidade para desenvolverem trabalhos com turismo de base comunitária. Os rituais praticados abrangem toda a cultura, alguns dos mais conhecidos são o Rapé (pó fino feito de tabaco, juntamente com um composto de cascas de árvores, ervas e outras plantas, que, ao ser inalado, possui efeitos de curas espirituais e de doenças), a Sananga ou shanovo (espírito da floresta, que tem como processo medicinal o refinamento da visão espiritual, possibilitando uma relação de auxílio de algumas doenças psicossomáticas) e a Ayahuasca (mistura de ervas, elemento central de rituais xamânicos, que provoca uma visão internalizada de si mesmo, auxiliando na cura física, emocional e espiritual). Eles preservam e compartilham a sua cultura, suas ideologias e seus conhecimentos, mantendo, assim, vivas as suas tradições.

História

Ao todo, existem trinta e sete aldeias indígenas Pataxó difundidas pelo território brasileiro. Trinta e três na Bahia, três em Minas Gerais e apenas uma no Estado do Rio de Janeiro.

Toda essa comunidade indígena é originária do Estado da Bahia. Os Pataxó deslocaram-se do Nordeste do país até a região Sudeste, entre o ano de 2004 e 2005. Inicialmente, permaneceram no município de Angra dos Reis, no Parque Mambucaba. No dia 16 de março de 2016, ocuparam o território onde residem atualmente. A população, em 2022, é de sessenta e quatro pessoas, incluindo idosos e crianças.

 

Língua e Educação

O Pataxó é uma língua do tronco Macro-Jê e da família linguística Maxakalí. Atualmente, a comunicação é realizada através do Patxohã. Fala-se também português, mesclado com vocábulos da língua indígena. O processo de retomada da língua vem sendo feito com o apoio dos integrantes mais velhos, que passam seus conhecimentos e sabedoria para os mais novos.

Segundo dados fornecidos pela Enciclopédia de Povos Indígenas do Brasil (ISA,1996):

O ensino de Patxohã não se restringe ao léxico da língua, mas compreende um amplo conjunto de informações, tais como danças e canções indígenas, os processos históricos vivenciados pelos povos indígenas (particularmente aqueles estabelecidos no extremo-sul da Bahia) e a identidade indígena no presente.

Apohinã Pataxó comunica que a educação dos jovens Pataxó acontece no período inicial do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental, na Almirante Algrabé, com o lecionamento em língua diferenciada para cada etnia, em conjunto com os Guarani MBYA e ÑANDEVA. No Ensino Médio, eles prosseguem o ensino na Vila Sapukai, em Angra dos Reis, no Colégio Indígena Estadual “Karai Kueri Renda”. O magistério indígena, uma recente conquista histórica, tem sido responsável por possibilitar sonhos e criar meios para uma estrutura firme e de qualidade.

No final de 2021, no período mais ameno da pandemia da Covid-19, a aldeia reabriu para turistas e visitantes, como uma forma de continuar mantendo a estrutura e a vida em comunidade.

 

Redes Sociais da aldeia:

Siga: https://www.instagram.com/pataxoparaty/

Curta: https://www.facebook.com/iririkanapataxiuitanara/

Site da ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA INDÍGENA PATAXÓ HÃ HÃ HÃE IRIRI KANÃ PATAXI UI TANARA

 

Referências utilizadas para a elaboração do texto:

https://novosterritorios.com/paraty-e-a-linda-aldeia-pataxo/

https://www.otss.org.br/post/magist%C3%A9rio-ind%C3%ADgena-%C3%A9-inaugurado-na-aldeia-sapukai-em-angra-dos-reis

https://extra.globo.com/noticias/educacao/sem-professores-escola-indigena-de-paraty-ainda-nao-comecou-ano-letivo-17353593.html

https://namidia.com.br/doacoes-para-aldeia-indigena-pataxo-do-iriri-em-paraty/

https://www.preservareresistir.org/single-post/2019/01/24/povos-pataxo-guarani-partilha-sobre-educacao-indigena

https://racismoambiental.net.br/2016/07/28/caminhantes-indigenas/

https://novosterritorios.com/paraty-e-a-linda-aldeia-pataxo/

https://embarque40mais.com/aldeia-de-paraty-recebe-turistas-local-paradisiaco/

 

 

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