PURI

 

Texto de Beathriz Ferreira e Amanda Barbosa, estudantes do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, colaboradoras do Núcleo de Estudos sobre Povos Indígenas, Interculturalidade e Educação (NEPIIE), coordenado pela Profa. Kelly Russo

QUEM SÃO?

Fonte: Índios Puris https://images.app.goo.gl/39eCTDGijejhRLjo7

Imagem: Dauá e Zélia Puri, ativistas culturais e do movimento de insurgência Puri.

Estigmazados, acredita-se que indígenas vivem somente na mata, mas se eu te contar que não, que eles estão aqui na cidade e bem pertinho de nós?

Dados do IBGE de 2010 apontam a existência de 897 mil indígenas no Brasil e por volta de 517 mil destes vivem em terras indígenas e dentre todos esses números, 675 autodeclarados Puri, mas

quem é esse povo?

A partir de 2010 o IBGE autorizou a identificação das etnias indígenas a que um indivíduo pertencia, e isso permitiu que 675 indígenas se declarassem Puris. Os indígenas de etnia Puri são originários do Sudeste do Brasil que foram perseguidos, catequizados, escravizados e que tiveram suas terras tomadas por volta do século XVII, desvalorizando sua cultura e com o objetivo de apagar a história desse povo. Por esse motivo, até os dias de hoje, passam por uma difícil elaboração de identificação como indígena e especificamente como Puri.

Dentre os processos de genocídio, etnocídio, catequização e desterritorialização do povo Puri que, por um tempo, fora até considerados extintos, lutam hoje para resgatar seus registros documentados por viajantes, informações através de documentos, artefatos recuperados, registros históricos e da memória de anciões e anciãs das comunidades Puri, trasformando a história falada em escrita afim de recontar, preservar e reconstruir sua história através do movimento de resurgência por meio da língua, da história e da cultura.

Fonte: Armas, ornamentos e utensilhos dos Puris, Botocudos…/https://images.app.goo.gl/wZN2XohexLLJN1QV9

“Então é por isso que hoje o Puri ainda existe, porque ele resistiu, é resistência indígena Puri, nós somos resistentes, e agora nós estamos ressurgindo, nós somos ressurgentes de resistência.” (REIS, 2016)

ONDE VIVEM?

Vivem no sudeste do Brasil dentre os Estados do Rio de Janeiro, Espirito Santo, São Paulo e Minas Gerais. O povo Puri não foi extinto, apenas se espalhou devido a tomada de suas terras e por sofrerem um processo de genocídio e etnocídio durante toda sua história. Apesar de não terem aldeia, estão juntos fielmente na luta antirracista por visibilidade, reconhecimento e por seus direitos.

“[…] boa parte das nossas atividades são organizadas online. Afinal, não temos território. Somos um povo das nuvens” – Namá Puri

Fonte: Os Puri e Coroado https://www.youtube.com/watch?v=w568LfaBy10 (foto de capa do vídeo)

CULTURA E LÍNGUA

O povo Puri, apesar de não se poder afirmar que hoje ainda há falantes nativos, a língua é pertencente ao tronco linguistico Macro-Jê e é composta pelas línguas: Puri, Coroado e Coropó. Tendo em vista a língua Puri, entraram num processo de reintegração e reestruturação da língua devido à tentativa de apagamento da mesma, resgatando e ampliando suas origens.

Possuem um fenótipo diferente dos outros grupos indígenas, o que dificulta e impacta as pessoas no processo de auto-reconhecimento de alguém de ser Puri.

Fonte: Macro-Jê Dicionário Ilustrado https://images.app.goo.gl/tNnYSmy6odrZDpCk6

“Afora a caça e a pesca, atividades que eram igualmente lúdicas, a dança, pelo que se sabe, parece ter sido o único divertimento que se realizava…” “…Com o decorrer do bailado, elevavam-se as vozes e acentuavam-se as agitações dos Puris, que saracoteavam cada vez mais excitados, os homens aplicando fortes embigadas e as mulheres agitando freneticamente os

quadris em meneamentos que, pelas similitudes, lembram os executados pelos sambistas brasileiros.” (PEREIRA DOS REIS, 1979, pg 88.)

“Afora a caça e a pesca, atividades que eram igualmente lúdicas, a dança, pelo que se sabe, parece ter sido o único divertimento que se realizava…” “…Com o decorrer do bailado, elevavam-se as vozes e acentuavam-se as agitações dos Puris, que saracoteavam cada vez mais excitados, os homens aplicando fortes embigadas e as mulheres agitando freneticamente os

quadris em meneamentos que, pelas similitudes, lembram os executados pelos sambistas brasileiros.” (PEREIRA DOS REIS, 1979, pg 88.)

 

FORMAS DE RESISTÊNCIA

Fonte: Cultura Puri https://images.app.goo.gl/FGTkqQUU6A7UA4eP7

Uma das formas de resistência se deu através do projeto chamado: Movimento Txemím Puri, criado pelo historiador Tutushamum. O movimento se dedica em reunir Puris espalhados pelos quatro estados originários, afim de realizar pesquisas sobre a história, a cultura, danças, tradições e língua. Este mesmo movimento também é responsável por apoiar e dar suporte à educadores interessados em incluir em seus projetos pedagógicos, conteúdos da cultura Puri, sendo essa uma forma de cumprir a lei 10.645 de 2008 que estabelece o estudo da cultura indígena e afro-brasileira obrigatoriamente nas escolas.

Outra forma de resistência foi a criação de um centro de memória Puri e a ideia da criação desse centro surgiu à partir de dois acontecimentos importantes, o primeiro, um evento realizado

pelos acadêmicos da UFV chamado “Troca de Saberes” que reúne indígenas de diversas etnias para discutir agroecologia, trocar saberes como o nome mesmo diz e trocar experiências, o segundo acontecimento fora os protestos que aconteceram em 2013 no Rio de Janeiro contra a demolição do Museu do Indío que fica localizado perto do Maracanã, a idéia de demolir o museu era para dar lugar a um estacionamento tendo em vista as Olímpiadas de 2016, o lugar era ocupado por indígenas de diversas etnias desde 2006 que formaram ali a Aldeia Maracanã.

As manifestações nas ruas criou mobilização online, que deu inicio a um movimento onde indigenas e seus descendentes passaram a reconhecer sua etnia nas redes sociais, o que deu início a um grupo de Puris no Facebook e só em 2019 surge enfim a ideia da criação do Centro de Memória onde se pode ter acesso pra além de registros históricos, imagens, artesanatos, cantos, exposições temáticas informações sobre a etnomedicina e alimentação, sobre territorio, registro de viajantes, língua, cultura e tradição do povo Puri.

 

Você pode acessar todo este acervo através do site do Centro de Memória Puri:

https://brasildedireitos.org.br/atualidades/para-preservar-cultura-indgenas-puri-criam-centro-de-memria-online

Gostou e quer saber mais? Seguem abaixo as referências usadas na elaboração dessa matéria para se aprofundarem na história dos Puris!

Sites: https://avozdaserra.com.br/colunas/historia-e-memoria/os-puris-povo-indigena-de-nova-friburgo https://radio.ufop.br/noticias/vozes-dos-povos-originarios-do-brasil-povo-puri-memoria-e-resistencia http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2018/anais/arquivos/RE_1077_1210_02.pdf https://radio.ufop.br/noticias/vozes-dos-povos-originarios-do-brasil-povo-puri-memoria-e-resistencia#:~:text=O%20povo%20da%20etnia%20Puri,Esp%C3%ADrito%20Santo%20e%20S%C3%A3o%20Paulo. https://brasildedireitos.org.br/atualidades/para-preservar-cultura-indgenas-puri-criam-centro-de-memria-online Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=w568LfaBy10

 

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