Joenia Wapichana afirma que vai retirar todos bolsonaristas da Funai: ‘renovaço geral’

Texto: Caíque Rodrigues, G1 RR – Boa Vista

Nova presidente da Funai, Joenia Wapichana se reuniu com lideranças indígenas para falar sobre o futuro do órgão em Roraima. Ela adiantou que parte dos bolsonaristas deixaram a instituição “por livre e espontânea vontade”.

Nova presidente da Funai em reunião com lideranças em Roraima — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

    Imagem: Nova presidente da Funai em reunião com lideranças em Roraima — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

    Em discurso feito durante uma visita sede da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Roraima nesta sexta-feira (6), a nova presidente do órgão, Joenia Wapichana, falou sobre o que chamou de “renovaço geral” ao dizer que vai retirar todos os bolsonaristas que ocupam cargos na instituição.

    Na presença de lideranças como Davi Kopenawa, ativistas indígenas e indigenistas e funcionários da Funai, ela falou que a intenção é ocupar os cargos com indígenas e aliados da causa. Joenia foi escolhida como a nova presidente da Funai pelo presidente Lula (PT).

    Ela, que ainda é deputada pelo Rede, afirmou que a nomeação oficial para o cargo deve ocorrer no próximo 24 de janeiro. Joenia disse ainda que “mudanças” já estão acontecendo mesmo antes de assumir a cadeira como presidente e adiantou que parte dos bolsonaristas deixaram a instituição “por livre e espontânea vontade”.

    “Antes mesmo de assumir a Funai já estão acontecendo mudanças. Amanhã ou depois vai sair algumas portarias das primeiras mudanças. Vocês não se assustem, mas vai ter um ‘renovaço’ geral. Os cargos que foram ocupados por bolsonaristas, nós vamos retirar todo mundo que estava no comando. Já começaram a sair por livre e espontânea vontade”, disse a nova presidente da Funai.

    Joenia Wapichana fala em 'renovaço' na Funai em Roraima — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

      Imagem: Joenia Wapichana fala em ‘renovaço’ na Funai em Roraima — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

      Joenia destacou que os servidores que tiverem destaque como aliados da causa indígena serão remanejados de função.

      “É renovar justamente essas pessoas que estavam nesses papéis. Pessoas que estavam a frente de algumas comissões, que estão fazendo seu papel, lógico, serão reconduzidos. Mas vai ter sim um ‘renovaço’ geral. Semana que vem as lideranças já vão estar encaminhando nomes para assumir as frentes”, disse em seu discurso.

      Além disso, Joenia reiterou o comprometimento do governo Lula em retirar os invasores garimpeiros dos territórios indígenas no estado. Ela assume o órgão em meio aos reflexos dos últimos quatro anos em que houve avanço de garimpos ilegais em terra indígenas, especialmente na Terra Yanomami.

      “Aqui em Roraima a gente tem um desafio muito grande. Nosso desafio é prioridade número 1 do governo Lula que é retirar os que estão ilegais dentro das terras indígenas, nós sabemos aqui que o garimpo ilegal é um desafio, então nós temos muito trabalho aqui em Roraima. Isso vocês precisam estar cientes”.

      Primeira presidente indígena da Funai

      Joenia Wapichana, nova presidente da Funai — Foto: Reprodução/Instagram/Joenia Wapichana

        Joenia Wapichana, nova presidente da Funai — Foto: Reprodução/Instagram/Joenia Wapichana

        Joenia é advogada e vai ser a primeira mulher indígena a comandar o órgão. Ela disse que pretende comandar a fundação sem interferência política, com decisões pautadas por consulta aos povos indígenas, e com total autonomia. A fala foi durante um ato simbólico em que lideranças indígenas de todo o país retomaram a sede do órgão em Brasília.

        Joenia Wapichana cumpre os últimos dias como deputada federal por Roraima. Ela disse que, ao aceitar o convite do presidente Lula (PT), deixou claro que pretende atuar com autonomia, sempre ouvindo os indígenas antes de tomar decisões.

        Na gestão de Lula, a Funai deixa o Ministério da Justiça e Segurança Pública e passou a compor a estrutura do inédito Ministério dos Povos Indígenas. Nesta, a Fundação passou a ser denominada Fundação Nacional dos Povos Indígenas – antes era Fundação Nacional do Índio. A mudança foi feita por meio da Medida Provisória 1.154, publicada nesta segunda.

        A nova presidente tem um trajetória política e profissional marcada pelo pioneirismo: foi a primeira mulher indígena advogada do Brasil, primeira indígena eleita na história na Câmara dos Deputados, e primeira advogada indígena da história a se pronunciar no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a homologação que definiu os limites contínuos da Reserva Raposa Serra do Sol.

         

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        Rodrigo Martins

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