Texto: Wesley Justino , EPTV 2 (site g1)
Evento recebe cerca de 2 mil estudantes com programação cultural e debates de conscientização. Número de alunos indígenas na Universidade de Campinas subiu 71% em 3 anos.
A formalização do movimento estudantil indígena é um dos objetivos do 9º Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (Enei), que começou nesta terça-feira (26) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O evento reúne cerca de 2 mil estudantes de diversas etnias e busca ampliar a representatividade dos grupos no cenário nacional.
Sede da edição deste ano, a Unicamp aplica, desde 2018, um vestibular exclusivo para a comunidade indígena. Em 2019, primeiro ano com estudantes aprovados pela seleção específica, a universidade somava 64 matriculados.
Já em 2022, 110 estudantes indígenas ingressaram na estadual, o que representa aumento de 71,8%. O crescimento da participação no vestibular exclusivo foi ainda maior: 307%.
“Paralelamente, nesse ano no Enei vai acontecer o primeiro encontro plurinacional de estudantes indígenas, que é a ideia de institucionalizar o movimento estudantil. A gente formalizar para que tenha uma representatividade melhor e mais forte. Mais organizada”, completou Baré.
Os quatro dias de atividades serão preenchidos com programação cultural e de debates de conscientização. Intelectuais, ativistas e artistas indígenas vão participar.
“Para nós, acadêmicos indígenas, é muito importante esse espaço para poder interagir com outros parentes, mas também trazer as nossas lutas, as nossas demandas do território”, afirma a estudante Aline de Souza da Silva.
Imagem:Aline de Souza da Silva, estudante indígena da Unicamp — Foto: Pedro Santana/EPTV
“Nós temos que aprender, temos que estudar e levar nosso nome em frente da nossa etnia e do nosso povo”, analisa Kamayurá Pataxó, da etnia pataxó.
Participação recorde
Os cerca de dois mil universitários de todo o Brasil que se inscreveram para esta edição representam um número recorde segundo a organização.
Entre os eventos, há debates, oficinas, simpósios temáticos e atividades culturais e formativas. Também estão previstas as lideranças indígenas e a participação do DJ Alok no Teatro Arena na quinta (28).
A agenda vai até sexta (29), confira a programação completa abaixo ou no site do Enei.
Imagem: Indígenas se reuniram em Brasília em abril para lançamento do 9º Enei, que acontece em Campinas — Foto: Mídia Ninja/ Oliver Kornblihtt
O evento
O Enei é realizado desde 2013, quando ocorreu a primeira edição na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). O debate é necessário para que os saberes ancestrais sejam propagados e reconhecidos nas dinâmicas e problemas do mundo moderno, e seja enfatizado e cobrado o respeito à população indígena.
As atividades serão distribuídas em diversas áreas da universidade como o Restaurante Universitário, Ginásio Multidiciplinar e a Faculdade de Educação Física (FEF).
Serão trabalhados temas como: “Nosso corpo é político”, “Pandemia e o genocídio dos povos indígenas: Estado Brasileiro no banco dos réus”, “Indígenas- Mulheres, e os feminismos” e “Educação Escolar indígena diferenciada: derrubando os muros da colonialidade”.
Imagem:Vista aérea da Unicamp, em Campinas — Foto: Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
26 de julho
- 7h às 8h30 – Café da manhã
- 7h30 às 8h30 – Credenciamento
- 9h às 10h – Ritual de abertura
- 10h10 às 12h – Abertura do IX Enei Unicamp
- 12h às 14h – Almoço
- 14h às 16h – Simpósios temáticos 1, 2, 3 e 4
- 16h20 às 18h20 – Simpósios temáticos 5, 6, 7 e 8
- 18h30 às 20h – Jantar
- 20h às 21h – Noite Cultural
Imagem:Participantes do 9º Enei na Unicamp, em Campinas — Foto: Sofia Lisboa
27 de julho
- 7h às 8h30 – Café da manhã
- 9h às 10h – Ritual da para início da atividade
- 10h20 às 12h – Mesa redonda 3 sobre Marco Temporal
- 12h às 14h – Almoço
- 14h às 18h – Mini Simpósio Indígenas – Mulheres, e os feminismos
Educação Escolar indígena diferenciada: derrubando os muros da colonialidade
Literatura Indígena: as vozes da ancestralidade
Saúde coletiva e Indigena frente ao impacto da covid - 13h às 15h – Roda de Conversa sobre Economia Criativa – evento simultâneo
- 15h às 19h – Oficina de Transmutação Têxtil
- 14h às 17h – Feira de Roupas e Artesanatos Indígenas
- 18h30 às 20h – Jantar
- 19h30 às 22h – Desfile Abya Yala Criativa
- 20h às 21h – Noite Cultural
Desfile de moda
Fórum do Meio Ambiente e Sustentabilidade
- 9h às 12h: Transição Energética: Energia renovável em comunidades remotas
- 14h às 16h: Circuito em Laboratório Vivo
- 14h as 18h: Apresentação Institucional
- 14h as 16h: Roda de Conversa
28 de julho
- 6h às 8h – Café da manhã
- 9h às 11h30 – Mesa Redonda 1 – Pandemia e o genocídio dos povos indigenas: Estado Brasileiro no banco dos réus
- 12h às 14h – Almoço
- 14h às 16h – Mesa Redonda 2 – Ancestralidade e resistência na luta contra o epistemicídio
- 16h às 18h30 – Roda de conversa DJ Alok e Célia Xakriabá
- 15h30 às 16h30 – Mesa redonda: Ancestralidade e resistência na luta contra o epistemicídio
- 18h às 19h – Jantar
- 20h às 21h – Noite cultural
Fórum de educação – atual cenário das políticas de permanência
- 9h às 12h – Educação Indígena: Política públicas para educação básica e superior
- 14h às 18h – Debate público: O atual cenário das políticas de permanência
29 de julho
- 7h às 8h30 – Café da manhã
- 8h30 às 10h30 – Plenária: União Nacional dos Estudantes Indígenas
- 10h30 às 12h – Votação da Unei e próxima sede do Enei
- 12h às 13h – Almoço
- 15h às 17h – Ato Político
- 18h às 20h – Jantar
- 20h às 21h – Festa de encerramento
Fórum da saúde dos acadêmicos indígenas
- 8h30 às 9h – Ritual de Abertura
- 9h às 12h – Conhecimento tradicional e conhecimento acadêmico: Valorização e reconhecimento da medicina tradicional indígena
- 14h às 17h – Saúde dos acadêmicos indígenas
- 17h às 17h40 – Oficina dos acadêmicos indígenas da área da saúde: Quais nossas experiências e expectativas na universidade?