Texto: Articulação Brasileira de Indígenas Jornalistas
No dia 7 de janeiro, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o fim do sistema de verificação de fatos e o lançamento do recurso ‘notas da comunidade’ nas plataformas Facebook, Instagram e Threads.
Essa mudança levanta sérias preocupações, pois, apesar das redes sociais serem fontes de informação e articulação em nossos territórios, enfrentamos diariamente a propagação de desinformação, discursos de ódio e a amplificação de narrativas preconceituosas. É nesse contexto que o jornalismo local e a comunicação indígena tentam sobreviver.
Na quarta-feira (22), a Abrinjor participou de um debate técnico sobre os efeitos dessas políticas de moderação nas plataformas digitais. A audiência foi presidida pela Advocacia Geral da União (AGU), com a participação do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM) e do Ministério da Fazenda (MF).
Durante a audiência, Alana Manchineri (@alanamanchineri) gerente de comunicação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – Coiab e membro da Abrinjor, destacou um caso de desinformação que circulou durante a pandemia de COVID-19. A morte de um indígena do povo Nôke Kôi, do Acre, foi indevidamente relacionada à vacina CoronaVac. Apesar da desinformação ter sido desmentida, os danos foram maiores do que se imagina.
“É fundamental que a Meta, como uma das maiores plataformas digitais do mundo, assuma sua responsabilidade no combate à desinformação e na proteção de populações vulneráveis. A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não pode ser usada como justificativa para amplificar discursos de ódio ou perpetuar desinformação”, afirmou.
Alana também defendeu medidas concretas para mitigar os impactos negativos das novas políticas da Meta, como: moderação culturalmente sensível, transparência nos algoritmos, parcerias com organizações representativas, prioridade para denúncias de ódio e educação digital no combate à desinformação.
É imprescindível que nós, profissionais indígenas, estejamos participando ativamente desses debates para evitar impactos devastadores.