Texto: Ana Paula Ferreira – Revista Crescer (site)
Um menino de 10 anos chamou atenção na internet após aparecer com o corpo coberto por grafismos indígenas durante jogos de futebol – por um motivo muito especial. O pequeno atleta é Bryan Lopes Franskoviak Pereira, conhecido em sua aldeia pelo nome indígena Irãguasu, que significa “grande futuro”. Ele é da etnia Tupinikim e vive na Aldeia de Pau Brasil, em Aracruz, no Espírito Santo.
Em entrevista à CRESCER, o garoto contou que o esporte sempre fez parte de sua vida como um momento de diversão. Contudo, em 2024, as coisas ganharam um tom mais sério. “Sempre gostei de jogar futebol. Desde pequeno brincava com meus primos e amigos na minha aldeia, mas, no ano passado, comecei a treinar na escolinha de futsal FutCDE e participar de várias competições”, disse ele.
No início de 2025, sua história no mundo do futebol ganhou novos capítulos após ele ser convidado para jogar também no campo pela escolinha Craques do Futuro de Nova Almeida e na escolinha AAVN, da Barra do Riacho. Sua ascensão, porém, precisou vir acompanhada de muita disciplina e comprometimento: “Atualmente eu treino de 4 a 5 vezes por semana, incluindo futsal, futebol de campo e com personal trainer.”
Assim, com uma presença mais frequente em partidas, Bryan acabou chamando atenção dos internautas ao compartilhar fotos em que aparecia com a pele pintada com os símbolos indígenas durante os jogos.
Como contou à CRESCER, apesar da pouca idade, ele já compreende a importância de levar a força de sua ancestralidade por onde for. “Sempre que posso vou aos jogos com os grafismos indígenas para representar minhas origens, levando comigo uma forma de identidade e proteção. É uma forma de me sentir mais confiante e protegido pelos grafismos do meu povo tupiniquim”, explicou.
Diante dessa manifestação cultural, naturalmente o público dos jogos e as pessoas nas redes sociais acabaram se interessando pelas raízes do menino e sua família. “O retorno das pessoas foi muito bom. Por ter gerado curiosidade, as pessoas buscaram saber um pouco mais sobre a nossa cultura, perguntando como eram feitos os grafismos, quanto tempo duram, etc”, relatou Bryan.
Para seu pai, Maik Pereira, que também nasceu e cresceu na Aldeia de Pau Brasil, a iniciativa do filho carrega o valor do que sempre foi transmitido em família. “Nossa herança cultural é passada no nosso dia a dia. Exemplo disso são nossas idas à praia para mariscar e pescar, os momentos culturais que temos na aldeia e a escola, que é educação indígena, onde procuram fortalecer nossa identidade cultural, língua e costumes tradicionais”, declarou ele.