Texto: Mídia Indígena Oficial
O maior mapeamento genético já realizado no Brasil revelou mais do que dados científicos: escancarou a história de violência, apagamento e resistência que marcou a formação do povo brasileiro. Conduzido pela iniciativa “DNA do Brasil”, do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP, o estudo analisou o DNA de mais de 4 mil brasileiros e identificou cerca de 8,7 milhões de variantes genéticas inéditas.
Os resultados mostram que a composição genética da população brasileira é, em média, 59% europeia, 27% africana e 13% indígena. Mas o dado que mais chama atenção é que 77% da herança genética feminina veio de mulheres africanas e indígenas. Isso revela que a miscigenação no Brasil foi profundamente marcada por violências sexuais cometidas por homens europeus contra mulheres negras e indígenas, especialmente durante o período colonial.
A baixa porcentagem indígena nos dados genéticos não deve ser interpretada como ausência dos povos originários — e sim como reflexo de um genocídio sistemático, que envolveu massacres, expulsões forçadas, escravização, perda de territórios e apagamento cultural e linguístico.
A ciência avança, mas os veículos de comunicação não podem se limitar a celebrar a diversidade genética do Brasil sem questionar: por que a presença indígena é tão pequena nos dados? Que violências nos trouxeram até aqui? E por que seguimos sendo silenciados?
Mais do que números, o DNA revela marcas profundas de uma história que ainda precisa ser reparada. Os povos indígenas seguem vivos, organizados e lutando — por memória, justiça e pela demarcação de seus territórios.
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