INDÍGENAS FULNI-Ô DOAM PEÇAS AO MUSEU

Texto: Museu Nacional dos Povos Indígenas

Quatro representantes do Povo Fulni-ô, de Pernambuco, Tiwa, Kaf’txo, Txale e Nal’xi, participaram de uma oficina de qualificação do acervo museológico e arquivístico relativo ao seu povo, nos dias 4 e 9 de abril na sede do Museu/Funai.

Estão sob a guarda do Museu 76 peças deste povo, dentre elas um cocar, uma lança e uma borduna doados pelos participantes da oficina. Há, ainda, 31 peças dos anos de 1949 e 1950, coleção do Serviço de Proteção aos Índios (SPI).

Durante o processo de qualificação, identificou-se uma bolsa de palha que já não é mais produzida pelo povo. Fotografaram a peça para levar para a aldeia e talvez voltar a produzir. Grande parte do acervo Fulni-ô é constituído de peças feitas a partir do trançado da fibra de Ouricuri. Ouricuri é também o nome de um ritual muito importante para este povo, o que demonstra o valor simbólico destes itens.

Além de adicionar informações sobre peças museológicas, os participantes tiveram acesso a vários documentos, alguns bem antigos, que falam sobre a doação formal da terra que ocupavam e na qual permanecem até os dias de hoje.

O acervo arquivístico do Museu é reconhecido como Patrimônio Memória do Mundo pela Unesco devido ao seu alto valor histórico. Muitas vezes foi utilizado em processo de demarcação de terras indígenas por possibilitar comprovar a presença de um povo num determinado local e época.

Os Fulni-ô qualificaram também fotos, algumas produzidas no próprio Museu durantes atividades culturais realizadas em outras décadas. A visão de anciãos nesses registros imagéticos invariavelmente suscita emoção entre os participantes.

Durante o processo de qualificação do acervo, os técnicos do Museu apresentam os objetos e as informações que a instituição dispõe, ordenadas em fichas catalográficas, e os representantes indígenas fornecem dados complementares, como o material e técnica empregada, a existência ou não no território dos itens utilizados.

No caso de fotos e filmes, os representantes de povos indígenas podem passar informações qualificadas que contextualizam o conteúdo destes documentos

Compartilhar

Rodrigo Martins

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Next Post

Cineasta indígena, Alberto Alvares filma para preservar a memória Guarani

dom abr 13 , 2025
Texto: Rafael Ciscati – Site Brasil de Fato O diretor, da etnia Guarani Nhadeva, vê no cinema uma forma manter vivos aspectos da cultura de seu povo. Logo nos primeiros minutos do documentário “A última cena”, do cineasta indígena Alberto  Alvares, um ancião da etnia Guarani M’byá se dirige às […]

Você pode gostar: