Texto: Funai
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) celebrou, na segunda-feira (8), a mudança de nome do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), órgão científico-cultural da instituição, antes denominado de Museu do Índio, e a abertura da oficina de construção de um novo projeto de cooperação internacional com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A cerimônia ocorreu no Centro Audiovisual (CAud), em Goiânia (GO), e reuniu lideranças indígenas, representantes de órgãos governamentais, servidores e parceiros institucionais.
Durante a cerimônia, os participantes da mesa de solenidade destacaram que a mudança de nome do Museu Nacional dos Povos Indígenas representa uma conquista histórica e simbólica, resultado de uma trajetória de lutas contra o apagamento e as nomenclaturas pejorativas. Para os participantes, a alteração reafirma a diversidade dos povos originários, fortalece a construção de novas narrativas em respeito aos conhecimentos indígenas e reconhece o papel do Museu como espaço de memória, resistência e valorização cultural.
A nomenclatura foi alterada pelo decreto de reestruturação da Funai, publicado pelo Governo Federal no dia 7 de agosto de 2025.
“O nome anterior do museu apagava a nossa diversidade. Não somos um povo, nós somos povos, com diferentes línguas, identidades e vínculos ancestrais com a terra. Esse reconhecimento é fundamental para garantir a memória e fortalecer a nossa cultura”
Joenia Wapichana, presidenta da Funai
Diversidade
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, ressaltou que a alteração do nome corrige um erro histórico que invisibilizava a pluralidade e a riqueza cultural dos povos indígenas no Brasil. “O nome anterior do museu apagava a nossa diversidade. Não somos um povo, nós somos povos, com diferentes línguas, identidades e vínculos ancestrais com a terra. Esse reconhecimento é fundamental para garantir a memória e fortalecer a nossa cultura”, destacou.
Joenia lembrou que o Museu foi criado em 1953, ainda como Museu do Índio, sem que ao longo de décadas houvesse a preocupação em adequar a nomenclatura à realidade plural indígena. “Foi preciso chegar a 2023, em um momento de reestruturação da Funai e fortalecimento institucional, para que essa mudança se concretizasse. Hoje, celebramos juntos essa conquista, fruto da luta dos povos indígenas”, afirmou.
A presidenta enfatizou o papel do MNPI como órgão científico e cultural da Funai, responsável por preservar um dos maiores acervos etnológicos da América Latina, com mais de 21 mil itens e 900 documentos arquivísticos. “Queremos que o museu esteja aberto e cada vez mais próximo da sociedade. O acervo é riquíssimo, e nosso compromisso é garantir que esteja visível ao público, dialogando com as novas gerações e com a pesquisa científica”, concluiu Joenia.
Cooperação
Além da mudança de nome, a solenidade marcou o início de uma oficina para a construção de um novo projeto de cooperação internacional com a Unesco, o qual será desenvolvido de forma participativa, com a escuta de lideranças indígenas. O projeto, que sucede 20 anos de parceria com a organização, contempla três eixos principais: valorização linguística, documentação cultural e processamento técnico.
A atividade contou ainda com falas do diretor em exercício do MNPI, Israel Licurgo Leal; da diretora de Direitos Humanos e Políticas Sociais da Funai, Pagu Rodrigues; da representante do Comitê do Plano Museológico, Darlene Yaminalo Taukane; do chefe do CAud, Thiago Ikeda; e do coordenador de Promoção da Cultura Indígena do Ministério da Cultura, Mirim Ju.
Nos próximos dias, será realizado um seminário de três dias, com a participação de povos indígenas de diferentes regiões, para contribuir na reestruturação do projeto cultural da Funai em parceria com a Unesco. A oficina segue até quinta-feira (11).