Texto: Gustavo Honório – Site G1
A ‘5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa – Vidas Indígenas’ lançou uma plataforma online gratuita que reúne 31 curtas-metragens de produtores de todo o Brasil. Todos os curtas foram produzidos a partir de entrevistas do acervo do Museu da Pessoa, registradas por meio do programa Patrimônios Imateriais e Vidas Indígenas.
Cada realizador teve acesso ao catálogo e pôde escolher a história de vida que desejava transformar em narrativa audiovisual. Os filmes podem ser assistidos no site mostra.museudapessoa.org.
O material celebra a diversidade cultural e reforça o audiovisual como ferramenta de memória, identidade e resistência dos povos indígenas. A cerimônia de premiação, realizada no último dia 27, em São Paulo, revelou 13 produções vencedoras em quatro categorias: Criadores Indígenas, Novos Talentos, Livre e Júri Popular. Cada premiado recebeu R$ 4 mil.
Karen Worcman, diretora e fundadora do Museu da Pessoa, destacou que a iniciativa evidencia como o audiovisual pode preservar e compartilhar saberes: “Existe uma tecnologia ancestral de memória, que passa de geração em geração e resiste ao apagamento. A Mostra dá visibilidade a essas narrativas, que agora também se renovam no ambiente digital”.
Sobre os 13 filmes premiados
Categoria Criadores Indígenas
- O Homem que enfrentou o Curupira (Belém/PA) – Moara Brasil Xavier da Silva: Conto ancestral narrado por Karari Kaapor, em que o caçador escapa do Curupira com ajuda dos macacos.
- Conhecedor de jejum para cacuri (Iaureté/AM) – João Arimar Noronha Lana: Dorval Lana, do povo Tariano, explica a disciplina espiritual por trás da pesca tradicional com armadilha.
- Rubro (Douradina/MS) – Arlane Jorge João: Cecília, do povo Kubeo, relembra sua infância e laços de identidade.
- Entre línguas e silêncios (São Paulo/SP) – Maiara Astarte: Maristela Araújo Arapasso fala sobre o aprendizado das línguas e a perda do tucano entre as novas gerações.
Categoria Livre
- Os sonhos de Jampoty (Atibaia/SP) – Aline Pinheiro da Cunha: A cacica Valdelice compartilha histórias de luta e espiritualidade do povo Tupinambá.
- O Grande Matraquinha (Osasco/SP) – Ana Carolina Loturco: Dona Everalda revive uma saga oral sobre pesca e tradição.
- Vai existir esses cantos (Alcântara/MA) – Raíssa Souza: Alzenira Guajajara resgata cantos tradicionais de sua memória.
- A Viagem de Sebastião (São Paulo/SP) – Vinicius Galaverna: Memórias de Sebastião Lana, indígena Tariano marcado por migrações e catequização nos anos 1950.
- Entre o latido e o silêncio (São Paulo/SP) – Isa Katupyryb: Sonho de uma jovem se transforma em pesadelo com cães que bebem lágrimas em vez de latir.
Categoria Novos Talentos
- Mergulho Ka’apor (Campo Grande/MS) – Luanna Maria R. Mafra Siqueira: Videoarte que conecta natureza e sagrado pelo canto ancestral Ka’apor.
- Cotia da Mata (São Carlos/SP) – Ana Choueiri: Lucila da Costa Moreira narra a reconstrução da memória do povo Nawa.
- Cacique Alberto e os “Seus”: Uma História em Três Atos (Rio de Janeiro/RJ) – Maria Eduarda Trindade: Relato da trajetória de liderança e luta do cacique Alberto. [Assista aqui](https://mostra.museudapessoa.org/filme/cacique-alberto-e-os-seus-uma-historia-em-tres-atos-francisco-alves-teixeira-por-maria-eduarda-trindade/)
Categoria Júri Popular
Ponte entre o visível e o invisível (Chapecó/SC) – Camila Puntel: Maria Helena Guajajara compartilha saberes de cura e espiritualidade.