Indígena Mônica Mura Manaú Arawak denuncia racismo e agressões sofridos em sua própria casa

 

Todo o processo de colonização no Brasil foi baseado em pensamentos racistas, de que indígenas e negros seriam inferiores aos portugueses. Esses ideais se arrastaram no tempo e chegaram aos dias atuais, vitimando a muitos, mesmo que as implicações legais dessas ações tenham endurecido.

Mônica Lima Mura Manaú Arawak, professora da Aldeia Indígena Pluriétnica Maraka’nã e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, vive há 6 anos na Aldeia Portal da Floresta, em Ilha Grande, Costa Verde do Estado do Rio de Janeiro. Desde que se mudou para o local com a família, tem sido alvo de ataques velados, como a colocação de lixo e entulho na porta de sua casa. Segundo ela, a violência é motivada pelo fato de ser uma mulher indígena e ter costumes próprios de seu povo, como a plantação e uso de ervas medicinais, e também pelo local servir como ponto de encontro do Coletivo Matriarcado Ancestral, grupo que a professora participa e que tem como objetivo acolher mulheres indígenas ou em retomada de sua identidade que estejam em situação de violência. 

No entanto, as agressões se agravaram no último ano. Em março de 2025, Mônica teve seu terreno invadido pelos vizinhos, que destruíram sua plantação e ameaçaram seus animais de estimação. Além disso, a indígena teve pás e outras ferramentas de jardinagem jogadas em sua direção por uma das vizinhas, além das ameaças e agressões verbais. Ao tentar denunciar o caso à Polícia Civil, foi impedida por outro de seus vizinhos, o que a levou à Polícia Militar. Um policial a acompanhou até sua casa, fez um Boletim de Ocorrência, mas ninguém foi preso. 

    Retroescavadeira utilizada para depredar o terreno de Mônica. Reprodução: acervo pessoal

    Desde então, já teve seu terreno invadido outras vezes e o lixo depositado em sua porta é recorrente, sempre com o intuito de destruir a plantação e intimidar Mônica e seus familiares. Em 7 de julho, a violência teve uma nova escalada: o marido da indígena foi abordado por um terceiro vizinho, que proferiu agressões de cunho sexual contra Mônica.

    Todas as denúncias citadas foram encaminhadas às autoridades em forma de boletim de ocorrência, e os processos estão seguindo os trâmites da justiça. 

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    Julia Lima

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