Texto de Guilherme Tagiaroli (Site UOL)
Imagem: Paraesh Dave/ Reuters
O Google Tradutor começa a oferecer a partir desta quarta-feira (11) a possibilidade de tradução em mais 24 idiomas que, segundo a empresa, são pouco atendidos pela tecnologia. O destaque fica por conta do guarani, que é falado no Paraguai, além de populações indígenas no Brasil, Argentina e Chile.
Junto com o guarani, que é uma das línguas oficiais do Mercosul e falado por cerca de 7 milhões de pessoas no mundo, será adicionado ainda na plataforma de tradução quíchua e aimará, falados por povos nativos do Peru, Bolívia e Argentina. Estima-se 10 milhões e 2 milhões, respectivamente, falem esses dois idiomas.
Como a tecnologia aprendeu os idiomas Segundo Isaac Caswell, engenheiro de software e pesquisador do Google, o diferencial na inclusão dessas línguas foi o uso de um modelo neural de inteligência artificial que aprendeu os idiomas “do zero”.
Geralmente, para implementar uma nova língua, são necessários milhões de exemplos para um sistema “entender” e conseguir traduzi-la. Com o modelo neural, segundo Caswell, as línguas adicionadas foram treinadas dessa forma. A tecnologia passou a entender então como os idiomas funcionam.
A empresa diz ter consultado representantes de diversas comunidades antes de liberar os novos idiomas.
“Imagine que você é poliglota e que, baseado no seu entendimento de como as línguas são, consegue interpretar algo. É mais ou menos assim que opera nossa rede neural”, explicou o pesquisador em conversa com jornalistas.
Planos futuros Num primeiro momento, as 24 línguas só estarão disponíveis para tradução textual. O Google tem planos de adicionar com o tempo a parte de voz, permitindo a tradução de alguém falando ou mesmo para facilitar o entendimento de quem tem curiosidade sobre a sonoridade das palavras.
Imagem: Divulgação Google
Ainda em conversa com jornalistas, Caswell disse que as línguas não estarão perfeitas logo de cara. “A qualidade é menor que o inglês e espanhol. Sabemos que haverá alguns erros, mas a ferramenta será útil”, afirmou.
Fora da América Latina, o Google adicionou línguas como o krio, dialeto inglês de Serra Leoa, lingala (falado por 45 milhões de pessoas no centro da África, sobretudo na República do Congo) e mizo, falada por 800 mil pessoas no norte da Índia.
As novidades se somam aos mais de 100 idiomas que o Google Tradutor já oferece.
• aimará – falado por quase 2 milhões de pessoas na Bolívia, Chile e Peru.
• assamês – falado por quase 25 milhões de pessoas no nordeste da Índia.
• axante – falada por cerca de 11 milhões de pessoas de Gana.
• bambara – falado por cerca de 14 milhões de pessoas de Mali.
• boiapuri – falado por cerca de 50 milhões de pessoas no norte da Índia, Nepal e Fiji.
• diveí – falado por cerca de 300 mil pessoas das Maldivas.
• dogri – falado por cerca de 3 milhões de pessoas do norte da Índia.
• jeje – falado por 7 milhões de pessoas de Gana e Togo.
• guarani – falado por 7 milhões de pessoas no Paraguai, Bolívia, Argentina e Brasil.
• ilocano – falado por cerca de 10 milhões de pessoas no norte das Filipinas.
• concani – falado por quase 2 milhões de pessoas do centro da Índia.
• krio – falada por quase 4 milhões de pessoas de Serra Leoa.
• curdo sorâni – falada por cerca de 8 milhões de pessoas (a maioria delas do Iraque).
• língala – falada por quase 45 milhões de pessoas na República do Congo, Angola, República do Sudão do Sul e República Centro-Africana.
• uganda – falada por quase 20 milhões de pessoas em Uganda e Ruanda.
• maitili – falada por quase 34 milhões de pessoas no norte da Índia.
• mizo – falada por cerca de 830 mil pessoas no nordeste da Índia.
• oromo – falada por 37 milhões de pessoas da Etiópia e do Quênia.
• quechuá – falada por 10 milhões de pessoas no Peru, Bolívia, Equador e regiões próximas aos países.
• sânscrito – falada por 20 mil pessoas na Índia.
• sepedi – falada por cerca de 14 milhões de pessoas na África do Sul.
• tigrínia – falada por quase 8 milhões de pessoas na Eritreia e na Etiópia.
• tsonga – falada por cerca de 7 milhões de pessoas em Essuatíni, Moçambique, África do Sul e Zimbábue.