Mais de 8 mil indígenas de 150 povos participaram do evento
A 21ª edição do Acampamento Terra Livre terminou na última sexta-feira (11) com recados diretos ao Supremo Tribunal Federal, à União e ao Congresso: “não aceitaremos manobras que enfraqueçam nossos direitos”. Os principais assuntos debatidos no evento foram a demarcação imediata de terras indígenas, a cobrança por uma transição energética justa e os ataques aos direitos constitucionais dos povos indígenas – como a Câmara de Conciliação instaurada pelo STF e a Lei 14.701/2023 (Marco Temporal). Foram 5 dias de plenárias, manifestações e reuniões em Brasília, de 7 a 11 de abril.
O evento também foi marcado por truculência policial. No penúltimo dia do evento (10), os povos indígenas foram recebidos com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta durante uma manifestação nos arredores do Congresso Nacional. A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG) esteve entre os atingidos.
A ação, segundo a Declaração Final da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), foi premeditada. Um áudio vazado da reunião preparatória das forças de segurança mostra um dos participantes falando no dia anterior à marcha “deixa descer. Se fizer bagunça, a gente mete o cacete”.
Um marco desta edição foi o lançamento de uma meta climática indígena. A cerimônia contou com o embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP-30. Também foi criado o Círculo dos Povos e da Comissão Internacional dos Povos Indígenas, com o objetivo de garantir maior participação dos povos na Cúpula do Clima, que acontecerá em Belém (PA) no mês de novembro.
Pela primeira vez neste mandato do presidente Lula (PT), não houve homologação de novas terras indígenas durante o ATL. Em 2023, 6 foram entregues e, em 2024, mais 2.