Alessandra Seixlack nos fala sobre seus projetos: Descolonizando o Conhecimento e Caminhos de Abya Yala

    Alessandra Seixlack – Foto: Reprodução

     

    Alessandra Seixlack é pós-doutora em História Social da Cultura pela PUC-Rio, professora adjunta de História da América na UERJ e pesquisadora no Laboratório de Pesquisa e Práticas de Ensino em História (LPPE) e na Comunidade de Estudos de Teoria da História da UERJ, Alessandra coordena projetos que exploram novas perspectivas sobre a História. Seu trabalho é essencial para promover um olhar descolonizador e inclusivo na academia e na sociedade.

     

    Transformando a Educação: Projeto Prodocência “Descolonizando o Conhecimento”

    O Projeto Prodocência “Descolonizando o Conhecimento” tem como objetivo principal levar docentes e discentes a considerarem outras narrativas históricas, diferentes formas de ver o mundo e novas epistemologias. A proposta do projeto é desenvolver reflexões teóricas, práticas docentes e recursos didáticos que promovam a descolonização dos corpos e saberes.

     

    Alessandra explica que “o Projeto Descolonizando o Conhecimento almeja levar docentes e discentes a pensar a existência de outras narrativas históricas, outras formas de ver o mundo e outras epistemologias. A proposta do Projeto é desenvolver reflexões teóricas, práticas docentes e recursos didáticos que levem à descolonização dos corpos e saberes.”

     

    Além de sua atuação nas redes sociais e organização de eventos na UERJ-Maracanã, o projeto também se faz presente no Colégio Estadual Olga Benário Prestes. Sob a supervisão da professora de História e doutora em História Social Cláudia Patrícia de Oliveira Costa, os bolsistas do projeto acompanham semanalmente a disciplina Eletiva de Ensino Médio intitulada “Ancestralidade e Cultura”. Juntos, eles desenvolvem reflexões teóricas, atividades práticas e materiais didáticos relacionados à temática da descolonização e às questões indígenas e africanas.

     

    O projeto pretende abrir portas, tanto no ensino básico quanto no superior, para o convívio na diferença e o respeito à diversidade sociocultural. Esses temas são de extrema relevância em sociedades plurinacionais e multiétnicas, ainda profundamente marcadas por relações racistas, coloniais e desiguais.

     

    O Debate Colonial

    O debate sobre o colonialismo e suas heranças na educação básica e superior é crucial, especialmente em um país e continente que mantêm muitas das estruturas coloniais internas do período colonial. Indígenas e afrodescendentes encontram-se em situação de desigualdade frente às elites das etnias dominantes e das classes que as integram, enfrentando um sistema que perpetua posições hierárquicas e a supremacia branca.

     

    Alessandra destaca a importância de discutir essas questões: “Vivemos em um país (e, no âmbito mais amplo, em um continente) que mantém e renova muitas das estruturas coloniais internas que prevaleciam durante o domínio colonial. Indígenas e afrodescendentes encontram-se em situação de desigualdade frente às elites das etnias dominantes e das classes que as integram. Sobre eles se impõe uma dimensão que preserva posições hierárquicas e a supremacia branca, um sistema violento que determina quem pode falar.”

     

    Caminhos de Abya Yala: Valorizando o Pensamento Indígena

    O Projeto “Caminhos de Abya Yala – Intelectuais Indígenas do Continente Americano” busca contribuir para o fortalecimento da História Indígena pautada pelos princípios da simetria e da co-produção de conhecimento. Vinculado ao LPPE da UERJ, o projeto analisa o papel dos intelectuais indígenas no contexto contemporâneo das Américas, reconhecendo suas perspectivas cruciais sobre o cenário histórico atual e interpretando a dinâmica contemporânea de inclusão, reconhecimento e participação de suas comunidades nas esferas política, social e cultural dos países latino-americanos.

     

    Alessandra ressalta que “o Projeto analisa o papel dos intelectuais indígenas no contexto contemporâneo das Américas, reconhecendo como estes trazem perspectivas cruciais sobre o cenário histórico atual e interpretando a dinâmica contemporânea de inclusão, reconhecimento e participação de suas comunidades nas esferas política, social e cultural dos países latino-americanos.”

     

    O projeto se interessa especialmente em como o movimento indígena tem ganhado influência no espaço público, questionando a política dos Estados nacionais e promovendo reflexões sobre abordagens históricas e a consagração de narrativas eurocêntricas. Além disso, projeta um olhar para o futuro, incentivando os intelectuais indígenas a compartilharem suas visões e expectativas para seus povos, destacando a preservação cultural, autodeterminação, acesso a recursos e participação equitativa nas decisões.

     

    Dando Voz aos Intelectuais Indígenas

    Para promover o conhecimento e as perspectivas dos intelectuais indígenas, o projeto utiliza entrevistas semiestruturadas e em profundidade com uma diversidade de intelectuais indígenas de todo o continente americano. Essas entrevistas proporcionam um espaço flexível para os participantes compartilharem suas experiências, perspectivas e conhecimentos de maneira orgânica.

     

    Alessandra descreve as metodologias utilizadas: “Utilizamos entrevistas semiestruturadas e em profundidade, envolvendo uma diversidade de intelectuais indígenas de todo o continente americano, proporcionando um espaço flexível e aberto para os participantes compartilharem suas experiências, perspectivas e conhecimentos de maneira orgânica. As conversas oferecem uma visão complexa das relações entre os Estados nacionais e as demandas, lutas e movimentos das comunidades indígenas nas Américas.”

     

    As entrevistas, gravadas com consentimento prévio dos participantes e divulgadas em formato de podcast e vídeo, são agora transcritas em um livro que visa trazer nova luz sobre a importância dos intelectuais indígenas e sua contribuição para a discussão acadêmica e o entendimento das dinâmicas sociopolíticas e culturais das Américas. Essas vozes e perspectivas poderão influenciar a formulação e implementação de políticas públicas e servir como ferramenta pedagógica no Ensino Básico e Superior.

     

    Uma Nova Perspectiva para a História

    Os projetos “Descolonizando o Conhecimento” e “Caminhos de Abya Yala” coordenados por Alessandra Seixlack representam um esforço significativo para repensar a História com novas perspectivas e valorizar os saberes indígenas. Esses projetos não apenas enriquecem o campo acadêmico, mas também promovem a inclusão e o respeito à diversidade cultural.

     

    Para saber mais sobre esses projetos inspiradores e a contribuição de Alessandra Seixlack, acompanhe o perfil no Instagram dos projetos (@caminhosabyayala e @descolonizandoconhecimentouerj).

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    Vitoria Lima

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