#IndígenasNoRJ: ‘A Funai está sempre de férias’

Texto: Felipe Lucena (Diário do Rio – Site)

A terceira matéria da série de reportagens #IndígenasNoRJ, produzida pelo DIÁRIO DO RIO, mostra que alguns indígenas não consideram o atual trabalho da Fundação satisfatório

    Escola indígena na Aldeia Mata Verde Bonita, em Maricá. Foto: Felipe Lucena

    Criada em 1967, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) é o órgão indigenista oficial do Brasil. A organização, evidentemente, também atua no Rio de Janeiro. No entanto, a série de reportagens #IndígenasNoRJ, produzida pelo DIÁRIO DO RIO, mostra que alguns indígenas não consideram o atual trabalho da fundação satisfatório.

    Embora haja uma expectativa de que a situação melhore nos próximos meses, tendo apoio do Ministério dos Povos Indígenas, comandado por Sonia Guajajara, as reclamações nas aldeias do Rio de Janeiro em relação à Funai são constantes.

    Os cerca de 40 indígenas da Aldeia Céu Azul, que fica em Maricá, aguardam a mudança para um novo território no mesmo município, mas em um espaço onde poderão trabalhar na terra e caçar, já que atualmente estão em uma área de preservação ambiental no parque da Serra da Tiririca ficam com suas atividades limitadas.

    Neste compasso de espera, eles tentaram apoio da Funai para que a documentação necessária para a ida ao novo território seja agilizada na Justiça e tenham todos os papeis em mãos. Contudo, o cacique Vanderlei disse ter muita dificuldade para se comunicar com a fundação para o apoio na resolução deste e de outros problemas.

    “A gente tenta falar com eles e não consegue. A Funai está sempre de férias”, disse o cacique Vanderlei.

    O mesmo problema da falta de comunicação e apoio para determinadas questões foi citado na Aldeia Mata Verde Bonita, também em Maricá. “A Funai só tem nome. Não resolve nada aqui”, afirmou a cacique Jurema.

    Para o cacique Argemiro Caraimirim, da Aldeia Sapukai, em Angra: “A Funai é muito pouco atuante aqui. Ficamos desassistidos. Quase não vêm aqui. Nem sei como está a situação deles, quantos funcionários trabalham no Rio de Janeiro”.

    O indigenista Toni Lotar, que atua nas aldeias do Rio de Janeiro desde 2014, reforça a dificuldade por conta da quantidade de funcionários da Funai no Rio de Janeiro. “A estrutura nacional da Funai é baseada nas CRs, que são as Coordenações Regionais. A Coordenação Regional que veicula o estado do Rio fica em Itanhaém (SP). Embaixo das CRs tem as CTLs, as Coordenações Territoriais Locais. As aldeias do Rio estão veiculadas a CTL que fica em Mambucaba, quarto distrito de Angra dos Reis. Quem está à frente é a Rosângela e eles têm uma estrutura bem pequena. Essa situação de reclame das aldeias, eu ouço há muito tempo”.

    Rosângela Maria, que está à frente da Coordenação Territorial Local da Funai que contempla as aldeias do Rio de Janeiro, informou ao DIÁRIO DO RIO que: “Somos 1300 servidores nacionalmente. Aqui na CTL Paraty são três servidores, sendo um com problemas de saúde e sucessivos afastamentos. Nossa área de abrangência é enorme: três aldeias em Ubatuba/SP, cinco em Paraty, uma em Angra e duas em Maricá. Atuamos de forma virtual em inúmeras frentes e de forma presencial quando existem demandas específicas. Atuamos de forma intensa, principalmente, no acesso e obtenção de benefícios sociais e previdenciários, acesso à documentação civil, projetos de etnodesenvolvimento mesmo com esse déficit de servidores”.

    A próxima, e última, matéria da série #IndígenasNoRJ vai tratar sobre o futuro dos povos indígenas no Rio de Janeiro.

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    Rodrigo Martins

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