Texto: Mônica Lima
No dia 24 de abril de 2025, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi palco de uma apresentação potente e necessária no âmbito do PróÍNDIO: a escrevivência do Coletivo de Mulheres Indígenas Matriarcado Ancestral foi compartilhada com estudantes, pesquisadores, lideranças e aliados na luta por justiça ancestral, decolonialidade e dignidade dos povos originários.
Trata-se de uma escrevivência no sentido profundo proposto por Conceição Evaristo — uma escrita que nasce da vivência, da escuta das mais velhas, das dores enfrentadas e da resistência cotidiana. Neste encontro, a história viva do Matriarcado Ancestral será narrada pelas próprias mulheres que constroem este coletivo com força, coragem e espiritualidade.
O Matriarcado Ancestral é mais do que um coletivo: é território simbólico e real de cura, de proteção, de enfrentamento e reconstrução. Nasceu do encontro de mulheres indígenas e em retomada, mães, avós, curandeiras, defensoras do corpo-território e da sabedoria matrilinear, que não se calaram diante das múltiplas violências — coloniais, patriarcais, racistas e neoliberais — impostas aos seus corpos, seus filhos e seus territórios.
A Escrevivência será lançada como um capítulo especial que integra uma obra coletiva em construção, destinada a quem quiser conhecer, apoiar e se sensibilizar com a trajetória de resistência, espiritualidade e denúncia do coletivo. Este capítulo do livro trará à tona histórias silenciadas, denúncias graves de ameaças, invasões, violências institucionais e ambientais sofridas por essas mulheres e por suas comunidades. Mas também revela a potência de uma rede de cura que se refaz com as ervas, os rituais, as rodas de conversa, os saberes plantados e os sonhos que insistem em florir mesmo em tempos áridos.